Sou senhor de minhas escolhas? / por Sid Fontoura


Sigmund Freud  ( 1856/1939) acreditava que a mente seria a responsável pelas decisões conscientes e inconscientes e que possuem como origem os impulsos psicológicos. O id, o ego e o superego são os três aspectos da mente que Freud acreditava que fossem as camadas da personalidade de uma pessoa. O que chamamos de realidade externa não está isento a interferências internas.
Cada um de nós caminha dentro de uma versão particular de mundo, filtrada e ordenada por lembranças, crenças e emoções guardadas que vivenciamos durante nossa vida.
A neurociência já demonstrou através de pesquisas, que mais de 90% da atividade cerebral acontece fora da consciência. Em nosso inconsciente já temos uma estrutura psíquica de reações pré determinadas, tendo como base nossas experiências anteriores e aquilo que julgamos serem nossas preferencias. Ou seja, mesmo quando acreditamos escolher livremente, nossas decisões são atreladas por padrões que atuam em silêncio. É por isso que tantas situações parecem se repetir, mais e mais, e não conseguimos evitar. Relações que voltam com outros rostos, medos que insistem em aparecer de maneiras diferentes, com outras máscaras. Desde o seu texto de 1914, Recordar, repetir e elaborar, Freud anuncia que “o que não se pode recordar (o que ele buscava no trabalho de transferência), repete-se. Ele nomeou essa repetição de Agieren. O que interessava à Freud nessa época era, acima de tudo, a relação da compulsão à repetição com o trabalho do inconsciente na transferência do psiquico para uma realidade externa. Não é o destino nos punindo, é o nosso inconsciente pedindo luz, tentando novamente, buscando quem sabe, um final diferente. E nós nem nos damos conta disto.

Quando passamos a observar esses movimentos internos, algo muda externamente. O mundo fora começa a responder de outra maneira. Conseguimos observar fora da visão pré concebida pelo inconsciente. Não porque a realidade muda de uma hora para outra, mas porque nossos olhos aprenderam a ver o externo de uma maneira diferente.

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