Eu creio ser terrível passar uma vida em total solidão, mas certamente se tornaria da mesma forma insuportável estar permanentemente em meio a multidão. Seria apropriado ter a medida certa para cada circunstância em nossa vida. E sabemos que em uma, como em outra situação, haverão momentos felizes e outros nem tanto. Por isto algumas pessoas ficam apreensivas mesmo quando estão passando por ocasiões que lhe tragam a sensação de felicidade, e esta inquietude origina-se na certeza de que a felicidade, assim com a tristeza, são passageiras, sobrevivem de momentos que depois de algum tempo chegam ao fim. Parece-me de fundamental importância compreendermos que a felicidade não é constante, mas também não é distante. Devemos identificar o que deixa-nos felizes quando estamos sós ou acompanhados e buscá-lo com determinação. É de primordial importância identificar aquilo que nos faz bem, quais os eventos que poderão deixar-nos motivados, qual a companhia que deixaria nos confortáveis por estar ao nosso lado. Precisamos avaliar sempre como estamos agindo, para que nossa existência não se torne uma eterna busca por um bem-estar que não está onde pensamos encontrá-lo, a insistência em atitudes sem sentido poderia jogar-nos um loop infinito. Não podemos ter medo de mudar nossos rumos, nossas preferências e nossas opiniões, pois tanto na solidão quanto na multidão devemos ser verdadeiros, com os outros e principalmente com nós mesmos.
Jean-Paul Charles Aymar Sartre – (1905/1980) escritor e filósofo francês, dizia que é o medo que sentimos que assumir nossa liberdade, de fazer o que gostamos, de dizer oque pensamos, é o que faz algumas pessoas passarem suas vidas infelizes.
Entre as muitas fazes pelas quais passamos desde o dia do nosso nascimento até o dia de nossa morte, existem aquelas em que um pequeno e simples facho de luz mostra-nos mais que o magnífico brilho dos holofotes, é quando percebemos o valor do que é genuíno, o simples não é comum, não é corriqueiro, não é o insignificante. O simples é aquilo que transmite alegria, que nos deixa feliz na sua simplicidade, é aquilo que não precisa de retoque para ser bom. Mas para reconhecer este facho de luz necessitamos saber exatamente quem somos, e o que queremos.
No mito de Édipo, a esfinge de Tébas desafiava dizendo: ´´Decifra-me ou devoro-te``. Ou seja, se não conhece a ti mesmo, não poderá enfrentar-me e serás devorado. Mas quando Sófocles (406/496 AC) escreveu a peça ``Rei Édipo´´ certamente não se referia a morte como um simples ato terminal de uma vida humana, mas sim as inúmeras perturbações de consciência que o homem passa desde os primórdios do mundo para encontrar seu verdadeiro `lugar no universo, esteja ele completamente solitário ou mergulhado em uma multidão. Sozinhos ou rodeados de pessoas, a crueldade da esfinge não vem de fora, mas sim de dentro de nós, o sentimento devastador de insegurança por conhecermos mas não admitirmos nossas fraquezas.
Por: Sid Fontoura
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